O Ano do Pensamento Mágico
Lendo este livro me veio à memória a mais triste etapa de minha vida:o falecimento de meu pai.Ele morava no Rio de Janeiro e eu na fazenda a quilômetros de distância...tive que ir de ônibus e me falaram que êle estava passando mal,apenas uma coisa simples...qdo chegamos ao apartamento ele nâo estava e descemos prá pegar um taxi e eu ainda supondo que iriamos para um hospital...meu marido,entâo disse ao motorista que se dirigisse ao Cemitério São João Batista...imaginem vocês o choque que levei e como fiquei depois.Não consegui chorar e queria que todos saíssem de perto do corpo,foi muito,muito traumatizante.Quando,depois da Missa de sétimo dia,voltamos para casa eu não queria ver ninguém,não queria ir dar aula,mas uma amiga me levou e pediu ás pessoas pra não tocarem no assunto comigo...e assim aconteceu,ninguém falou nada.Demorou até eu aceitar,mas o trabalho foi me envolvendo e as crianças me solicitando,até que eu conseguisse superar e passar a encarar,não sem sofrer, mas de uma forma mais natural o que havia acontecido .
Um trecho do livro...espero que gostem.
A dor ocasionada pela perda de um ente querido é um estado que nenhum de nós conhece antes de termos passado por isso.Temos a espectativa(e sabemos)que alguém próximo de nós pode morrer,mas não conseguimos enxergar além dos poucos dias ou semanas imediatamente subsequentes a uma tal morte imaginada.Equivocamo-nos até quanto à natureza destes poucos dias ou semanas.Imaginamos que,se a morte for súbita,sentiremos um choque.Não esperamos que esse choque seja aniquilador,causando uma desestabilização,tanto para o corpo quanto para a mente.Imaginamos que vamos ficar prostrados, loucos com a perda.Não imaginamos que vamos ficar literalmente malucos,tipo "clientes equilibradas que acreditam que o marido delas vai voltar e vai precisar dos sapatos dele".Na versão da dor que imaginamos,o modelo será sempre "curativo".Um certo impulso para seguir adiante vai prevalecer.Os piores dias vão ser os primeiros.Imaginamos que o momento que vai nos testar com mais dureza será o enterro,após o qual esta cura hipotética vai começar a ocorrer.Quando pensamos no enterro,ficamos imaginando se conseguiremos enfrentar a situação,mostrando a força que, invariavelmente,é mencionada como sendo a reação correta com relação à morte.Imaginamos que teremos que nos fortalecer para enfrentar aquele momento.Não temos como saber que o evento em si vai ser uma coisa anódina,um tipo de regressão narcótica na qual estaremos envoltos pelo cuidado dos outros tomadospela gravidade e pelo significado da ocasião.Também não podemos saber que , depois do fato(e aqui está o cerne da diferença entre a dor e a perda, como a gente imagina que seja, e como ela realmente é), sentiremos uma ausência infindável,um vazio, verdadeiro oposto do significado da vida,uma incessante sucessão de momentos nos quais nos confrontamos com a falta de sentido das coisas.(O Ano do Pensamento Mágico.Joan Didion,p.186)
Fiquei verdadeiramente encantada com a leitura deste livro e espero que vocês também o apreciem.
Bjsssssssss
11 comentários:
Leninha,
A dor pela perda de um ente querido é muito grande. Quando perdi minha mãe, no velório eu me senti anestesiada, estava aparentemente forte, com o tempo fui realmente sentindo a ausência, aí sim foi muito difícil, é exatamente como conta esse trecho do livro que você escolheu. Embora seja um assunto muito triste, eu gostei de saber um pouquinho mais sobre você, e sua família. Um grande abraço, e um domingo cheio de paz e alegria, obrigada por sua amizade.
Oi Leninha
Quando conseguimos transpor pro papel o que sentimos como fizestes aqui a dor ameniza um pouquinho porque extravasamos, transbordamos o coração.
É assim que vivi também minhas perdas, com espanto e tristezas.
O livro que indicastes pareceu-me bom ,obrigada por compartilhar com a dica da boa leitura.
abraços e boa semana
Leninha,
Imagino como esse silêncio doeu no seu coração. Você perdeu seu pai, e não teve nem mesmo tempo para preparar o seu coração pra isso. Além da dor, o choque, que lhe deixou marcada.
Como você mesmo disse, os filhos, a rotina lhe fizeram ir superando aos poucos. Assim é a vida.
Não consigo imaginar em perder meus pais, morando tão longe.
Obrigada pela sugestão do livro. Eu trouxe vários do Brasil, mas esse não tenho.
Aproveito pra lhe pedir perdão por não ter conseguido lhe encontrar. Eu queria muito, mas infelizmente não deu dessa vez.
Feliz por estar de volta ao nosso mundo.
Beijos
Puxa,Leninha, imagino o que sentiste naquela hora e depois...Lindo trecho, bem escolhido! beijos,chica e ótimo domingo!
doce amiga...
não sei o que dizer, só sei que essa dor e gigante, e só o tempo, o dia a dia que consegue fazer com que aos poucos a gente conviva com a dor da perda. Tem que ser muito forte, ter muita fé, e seguir o nosso caminho, sei que passa, mas sei também que dói, dói muito.
muito bom esse trecho do livro, é assim mesmo... aliás, o livro todo parece bem interessante.
beijos amiga querida e um domingo lindo pra ti.
fica com Deus.
Su.
Leninha querida suas palavras,
tocaram no meu coração,alma!
Só o tempo mesmo para suportar
essa dor,perda.
Que fica gravada na alma,core para
sempre,procure sempre lembrar dos
bons momentos com ele.
Parabéns pelo texto,livro!
Deixo meu carinho e ombro amiga,
sinta se abraçada por mim!
Paz e luz para humanidade
Leninha querida retornando com força e muita Fé em Deus!
A vida é um presente de Deus,mas saber viver é
um presente de sabedoria!
Obrigada pelo carinho e linda tarde de Domingo!
Amigos dizem eu te amo...risos,
expressão de carinho!!!
Só o amor constrói....
Leninha, querida, me perdoa, mas eu não conseguiria ler esse livro. Por este pequeno trecho abri uma ferida que só aparentemente está curada.
Não quero, não posso mexer. Terei de me resignar com esta falsa cicatrização.
Tocar nela, nunca.
Um grande beijo da Nina
Oi obrigada por compartilhar esse livro, ultimamente tenho pensado muito; em perdas. E tenho me preocupado com o tipo de reação que terei no momento.
Convido tbm para acessar: Cérebro que Pulsa.blogspot.com artigos semanais toda segunda-feira.
Até mais.
Leninha,eu cuido da minha mãe que tem Alzheimer e já está bem avançado.
E vivo esse dilema da perda cada dia um pouco mais,é como se eu estivesse de luto à muitos anos (quase 13 anos!)porque cada dia ela vai um pouquinho embora...será que Deus está me preparando para quando Ele a chamar???
Bom domingo querida.
Bjs
Ivani
Parece ser muito interessante. A dor da perda é a maior de todas as dores.
Um abraço e boa semana
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