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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

MORRE OSCAR NIEMEYER

Gostava de desenhar, e o desenho levou-me à arquitetura. Lembro-me que ficava com o dedo no ar desenhando. Minha mãe perguntava: 'o que está fazendo menino?' 'Desenhando', respondia com a maior naturalidade.

Oscar Niemeyer, expoente internacional da arquitetura moderna, morre aos 104 anos.

O arquiteto Oscar Niemeyer, ícone da arquitetura moderna e um dos brasileiros mais reconhecidos no mundo, morreu nesta quarta-feira (5), aos 104 anos. Ele estava internado há 33 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, por causa de uma infecção urinária. Ele também teve uma infecção respiratória e respirava com a ajuda de aparelhos.
Niemeyer foi um dos principais expoentes da arquitetura moderna e projetou o Brasil internacionalmente. O carioca ganhou reconhecimento a partir da exploração das possibilidades plásticas e construtivas do concreto armado, produzindo obras grandiosas e inventivas, marcadas pelo abuso de curvas em detrimento das linhas e ângulos retos.
Suas obras --prédios públicos e privados, monumentos, esculturas e igrejas-- marcam a paisagem das principais cidades brasileiras e espalham-se por vários países do mundo, como Estados Unidos, França, Espanha, Alemanha, Itália, Argélia, Israel e Cuba, entre outros.
Niemeyer projetou grande parte das obras de Brasília, entre elas a praça dos Três Poderes, os prédios do Congresso Nacional, do STF (Supremo Tribunal Federal) e o Palácio do Planalto.


Juventude e começo da carreira

Niemeyer nasce em 15 de dezembro de 1907 no Rio, filho de Oscar Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro da Almeida. Sua família tinha ascendência portuguesa, árabe e alemã. Cresceu no bairro de Laranjeiras, onde se casou com Annita Baldo em 1928.
Em 1929, iniciou os estudos na Escola Nacional de Belas Artes, dirigida pelo também arquiteto Lucio Costa, com quem Niemeyer começou a trabalhar em 1932.
“Gostava de desenhar, e o desenho levou-me à arquitetura. Lembro-me que ficava com o dedo no ar desenhando. Minha mãe perguntava: 'o que está fazendo menino?' 'Desenhando', respondia com a maior naturalidade. Realmente, fazia formas no espaço, formas que guardava de memória, corrigia e ampliava, como se as tivesse mesmo a desenhar”, afirmou o arquiteto, em declaração publicada na página do Instituto Oscar Niemeyer.
Em 1934, obteve diploma de engenheiro e arquiteto. Dois anos depois, conheceu o arquiteto modernista Le Corbusier. A obra do francês o influenciou de forma decisiva.

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Viajou aos Estados Unidos em 1938 e elaborou o projeto do Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York.
Em 1945, ingressou no PCB e iniciou sua amizade com Prestes, a quem na velhice ajudaria a sustentar. "Fui sempre um revoltado. Da família católica eu esquecera os velhos preconceitos, e o mundo parecia-me injusto, inaceitável. A miséria a se multiplicar como se fosse coisa natural e aceitável. Entrei para o Partido Comunista abraçado pelo pensamento de Marx."
Regressou a Nova York em 1947, onde participou, ao lado de arquitetos do mundo todo, do projeto da sede da ONU (Organização das Nações Unidas).
Em 1950, foi publicada a obra “The Work of Oscar Niemeyer” (“O Trabalho de Oscar Niemeyer”), do arquiteto e historiador grego Stamo Papadaki, que ajudou a divulgar o arquitetura de Niemeyer no exterior.
Fui sempre um revoltado. Da família católica eu esquecera os velhos preconceitos, e o mundo parecia-me injusto, inaceitável. A miséria a se multiplicar como se fosse coisa natural e aceitável. Entrei para o Partido Comunista abraçado pelo pensamento de Marx
Em 1954, fez sua primeira viagem à Europa, onde conheceu França, Itália, Alemanha, República Tcheca e a União Soviética.
No ano seguinte, fundou a revista "Módulo", que circulou, em edições mensais, até 1965, quando sua publicação foi interrompida pelo governo militar –a revista foi retomada em 1975 e editada até 1987.

Brasília e golpe militar

Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo presidente e amigo Juscelino Kubitschek para projetar a nova capital do país e organizar o concurso para a escolha do plano piloto, vencido por Lucio Costa. Dois anos depois, Niemeyer mudou-se para Brasília.
“E ali ficamos durante vários anos. Longe de tudo. Cobertos dessa poeira vermelha que durante os períodos de seca se incrustava na pele e, na estação das chuvas, paralisados pelas águas torrenciais que caíam sem controle sobre essa terra sem defesa.”
Em 1962, foi nomeado coordenador da Escola de Arquitetura da recém-fundada UnB (Universidade de Brasília), após convite do reitor Darcy Ribeiro. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Lênin da Paz, concedido pela União Soviética.
Em 1964, quando estava em Lisboa, recebeu a notícia do golpe que instaurou a ditadura militar. Retornou ao país no final do ano, após passagem por Israel. “Levei um grande susto com a notícia do golpe. Durante três dias, não descolava o ouvido do rádio, na expectativa de uma boa notícia qualquer. Nada se passava e nós estávamos aflitos, temendo um novo período de opressão e obscurantismo. Foi em abril de 1964”, recordou Niemeyer.
Em 1965, demitiu-se da UnB assim como outros 200 professores, em protesto contra a influência militar na universidade. Na época, a sede da revista "Módulo" foi parcialmente destruída, e o escritório de Niemeyer, saqueado.

Vida no exterior

No ano seguinte, Niemeyer viajou a Paris para acompanhar exposição da sua obra no Museu do Louvre. Dois anos depois, impedido de trabalhar no Brasil e depois de os militares embargarem seu projeto para o aeroporto de Brasília, mudou-se para a capital francesa.
Em 1968, mudou-se para a Argélia para dedicar-se a vários projetos, a convite do presidente do Conselho Revolucionário Argelino, Houari Boumediène, líder da independência do país. Quatro anos depois, Niemeyer voltou a Paris, abrindo um escritório na famosa avenida Champs-Élysées.
No ano de 1975, publicou, em Milão, na Itália, seu primeiro livro (“Oscar Niemeyer”), que traz uma retrospectiva de sua obra e trajetória. Em 1978, de volta ao Brasil, participou da fundação e foi eleito presidente do Cebrade (Centro Brasil Democrático). Em 1988, recebeu o Prêmio Pritzker de arquitetura, e, no ano seguinte, foi condecorado na Espanha com o prêmio Príncipe de Astúrias.
Levei um grande susto com a notícia do golpe [militar no Brasil]. Durante três dias, não descolava o ouvido do rádio, na expectativa de uma boa notícia qualquer. Nada se passava e nós estávamos aflitos, temendo um novo período de opressão e obscurantismo. Foi em abril de 1964
Na década de 90, Niemeyer foi premiado com a medalha do Colégio de Arquitetos de Catalunha (em 90), com o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza (em 96) e com a tradicional Royal Gold Medal (em 98), concedida pelo Instituto Real dos Arquitetos Britânicos. No mesmo ano, publicou um livro de memórias: “As Curvas do Tempo”. Em 1999, lançou sua primeira obra de ficção, “Diante do Nada”.

Últimos anos

A mulher do arquiteto, Annita, morreu em 2004; dois anos depois, Niemeyer casou-se com Vera Lúcia, que era sua secretária.
Em 2007, ao completar cem anos de idade, Niemeyer recebeu diversas homenagens e foi tema de muitas exposições e eventos. No ano seguinte, fundou no Rio a revista “Nosso Caminho”. Dois anos depois, aventurou-se no mundo da música, com o disco de samba de raiz “Tranquilo com a Vida”, gravado em parceria com seu enfermeiro Caio Almeida e com o músico Edu Krieger.
Também em 2008 foi inaugurada uma escultura do brasileiro em homenagem ao povo cubano na Universidade de Ciências Informáticas de Havana; um presente de Niemeyer ao líder Fidel Castro.

 Fonte: UOL/ NOTÍCIAS

8 comentários:

lis disse...

Um grande perda Leninha, e pensar que ainda tinha grandes projetos e vontade realizá-los,
Uma vida bem vivida e um sucesso discreto ,um homem digno e um gênio da arquitetura.
Bonita homenagem o seu post bem completo .
Niteroi tem aquela beleza de museu_ o MAC _que venho fotografando sempre que estou por lá, (no momento estou em Vitória).Outro dia coloquei fotos no 'simplesmentelis' ,nao lembro se viu, em forma de cálice, acho lindíssimo,
Obrigada por compartilhar Leninha e deixo abraços.

chica disse...

Grande homem que deixou sua marca pra todos nós. Bela homenagem aqui! beijos,chica

Élys disse...

Um grande homem que engrandeceu o Brasil. Belíssima a sua homenagem relatando fatos de sua vida.
Beijos.
Élys.

António Je. Batalha disse...

Estou a visitar alguns blogs, e tive o privilégio de encontrar o seu, vi na pagina inicial o que escreveu, e como gostei folheei mais algumas páginas e fiquei maravilhado pelo que vi e li.
Dou-lhe os parabéns, mas queria deixar um apelo continue assim dando sempre o melhor, boas mensagens, bons temas. Gosto de escrever, mas também gosto de ler bons temas, por isso é que parei aqui.
Meu nome é: António Batalha.
Sou um servo de Deus,e deixo aqui a minha bênção,que haja paz,amor na sua vida, muita saúde e felicidade.
PS. Se desejar seguir meu blog faça-o de forma a que eu possa seguir o seu blog também.

MARIA DA FONTE disse...

Excelente trabalho e excelente homenagem. Adorei ler. Abraço grande do meu país

O meu pensamento viaja disse...

Uma enorme perda! Toda a humanidade está de luto.
Beijo

Mônica disse...

Leninha
Bela homenagem. Vioveu bem os seus 104 anos. Viveu e mostrou o Brasil para o mundo comseus desenhos arquitetonicos.
Estou em falta preciso fazer novo post, mas nao consigo colocar umas fotoscom amizade monica

Ilca disse...

Leninha querida,
Maravilhoso seu post! Uma bela e merecida homenagem ao grande arquiteto Oscar Niemeyer, uma perda realmente lamentável.
Agradeço de coração o carinho de sua visita e pelas palavras, que sempre alegram o meu coração.
Tenha um lindo e abençoado final de semana!

Beijo enorme, amiga.