Sociedade de mulheres viris - Martha Medeiros
O que não impede que prestemos atenção no que essa metamorfose pode ter de prejudicial. As mulheres se masculinizaram, é fato. Não por fora, mas por dentro. As qualidades que lhes são atribuídas hoje, e as decorrentes conquistas dessa nova maneira de estar no mundo, eram atributos considerados apenas dos homens. Agora ninguém mais tem monopólio de atributo algum: nem eles de seu perfil batalhador, nem nós da nossa afetividade. Geração bivolt. Homens e mulheres funcionando em dupla voltagem, com todos os atributos em comum. Mas seguimos, sim, precisando uns dos outros – como nunca.
Não são poucas as mulheres potentes que parecem conseguir tocar o barco sozinhas, sem alguém que as ajude com os remos. Mas é só impressão. Talvez não precisemos de quem reme conosco, mas há em todas nós uma necessidade ancestral de confirmar a fêmea que invariavelmente somos.
E isso se dá através da maternidade, do amor e do sexo. Se não for possível ter tudo (ou não se quiser), ao menos alguma dessas práticas é preciso exercer na vida íntima, caso contrário, viraremos uns tratores. Muito competentes, mas com a identidade incompleta.
Nossa virilização é interessante em muitos pontos, mas se tornará brutal se chegarmos ao exagero de declarar guerra aos nossos instintos.
Ok, ser mãe não é obrigatório, ter um grande amor é sorte, e muitas fazem sexo apenas para disfarçar o desespero da solidão, mas seja qual for o contexto em que nos encontramos, é importante seguir buscando algo que nos conecte com o que nos restou de terno, aquela doçura que cada mulher sabe que ainda traz em si e que deve preservar, porque não se trata de uma fragilidade paralisante, e sim de uma característica intrínseca ao gênero, a parte de nós que se reconhece vulnerável e que não precisa se envergonhar disso. Se é igualdade que a gente quer, extra, extra: homens também são vulneráveis.
“Cuida bem de mim”, dizia o refrão de uma antiga música do Dalto, e que Nando Reis regravou recentemente. Cafona? Ora, se a gente não se desfizer da nossa prepotência e não se permitir um tantinho de insegurança e delicadeza, a construção desta “nova mulher” terá se desviado para uma caricatura. A intenção não era a gente se transformar no estereótipo de um homem, era?
Cuide-se bem, e permita que os outros lhe cuidem também. Viva o dia internacional dessa porção mulher que anda resguardada demais, mas que não deveria ficar assim tão escondida: não nos desmerece em nada.
Martha Medeiros - Jornal zero hora
11 comentários:
Belo texto, gosto do jeito simples que a Martha Medeiros diz as coisas. Gosto muito de ser feminina e deixo uma frase de Clarice que adoro:
A vida é igual em toda a parte e o que é necessário é a gente ser a gente"
Beijao
Um belo texto da Marta. Mas a mulher nunca deve desprezar a sua feminilidade.
Beijos.
Lindo o texto minha amiga!
Ótima semana pra você!
Bjs
Extraordinariamente bem observado, bem analisado e bem escrito.
Quero tanto, do alto da minha inexpugnável autosuficiência que "cuidem bem de mim"!
Obrigada, Leninha, por este encontro entre mulheres.
Beijos, querida
E isso...conquistar sem perder a femilidade...pra mim não tem nada de glorioso em querer concorrer com os homens,nada de engraçado em ser a melhor...em nenhum campo.Acho que motivo de orgulho para uma mulher e saber unir os dois,o agradavel e o util.Eu fui empresaria durante anos,vendi minha Agência de viagens ja solida para acompanhar meu marido que foi transferido no trabalho.Foi dificil...não...ESTA SENDO DIFICIL,esta e a segunda cidade em que tenho que me acostumar e ajudar minha filha a faze-lo sem grandes traumas,mas nem me passou pela cabeça que eu teria que largar tudo...eu vim porque quis,porque sem meu casamento eu não seria completa.
Leninha,estava lendo o outro blog sobre a menina de cachinhos...rsrsrsrs,Terezinha Maria....minha filha chama-se Maria Thereza,promessa feita a minha Santa Terezinha do Menino Jesus,minha Santa milagrosa,que operou tantos milagres na minha vida que nem posso contar,nunca me faltou em nenhum momento,com suas Santas orações a Virgem Maria e a Jesus Cristo....fui a Lisieux conhecer o Carmelo,vi suas roupas,seus relicarios,sua vida....nunca mais vou ser a mesma,pois ela me deu este presente...me levou para conhecer sua vida de pertinho,fomos eu,maridinho,filhinha....
Quanto as minhas postagens e meu jeito de falar mesmo,não sou uma pessoa direta,que rasga o verbo,rasga corações com palavras....eu tento aveludar e rodear com o mais profundo e respeitoso amor os assuntos que adoecem as pessoas,ter filhos biologicos ou não e um deles,e meu ponto de vista...Deus se utiliza muitas vezes das pessoas e coisas ao seu redor para te mandar um milagre....e milagres não precisam de tanta explicação,nenhum cientista pode explicar o inexplicavel...a fé.
Beijinhos
Deusa
vasinhos coloridos
Oi Leninha querida!
Belo texto...
Parabéns a todas as Mulheres pelo
dia Internacional da Mulher 8-3-2012
Abração e desculpe ausência,
estou na correria com consultas
rotina e ARTESANATOS
Beijos no core Lindona
Mártir sabe usar as palavras...lindo.
Beijo Lisette.
Leninha, faz um tempinho que não venho aqui, diminui o ritmo das visitas, mas te visitar é sempre muito bom, você me faz um bem enorme. Parabéns pela escolha do texto, uma bela homenagem para nós todas. Um forte abraço!
Leninha,que beleza de texto da Martha!Ainda é muito bom quando cuidam da gente de vez em quando...rss...bjs,
Voltei...rss...qual é mesmo o blog da Ana Paula?Queria fazer uma visitinha!bjs,
Gosto muito de M. Medeiros, e esse texto é muito bom.... beijos
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