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segunda-feira, 5 de março de 2012

Um pouco de MARTHA MEDEIROS

Sociedade de mulheres viris - Martha Medeiros

Existem pessoas frágeis, mas sexo frágil, esqueça. As mulheres nunca estiveram tão fortes, decididas, abusadas até. O que é saudável: quem não busca corajosamente sua independência acaba sobrando e vivendo de queixas. Uma sociedade de homens e mulheres que prezam sua liberdade e atingem seus objetivos é um lugar mais saudável para se viver. Realização provoca alegria. 

O que não impede que prestemos atenção no que essa metamorfose pode ter de prejudicial. As mulheres se masculinizaram, é fato. Não por fora, mas por dentro. As qualidades que lhes são atribuídas hoje, e as decorrentes conquistas dessa nova maneira de estar no mundo, eram atributos considerados apenas dos homens. Agora ninguém mais tem monopólio de atributo algum: nem eles de seu perfil batalhador, nem nós da nossa afetividade. Geração bivolt. Homens e mulheres funcionando em dupla voltagem, com todos os atributos em comum. Mas seguimos, sim, precisando uns dos outros – como nunca. 

Não são poucas as mulheres potentes que parecem conseguir tocar o barco sozinhas, sem alguém que as ajude com os remos. Mas é só impressão. Talvez não precisemos de quem reme conosco, mas há em todas nós uma necessidade ancestral de confirmar a fêmea que invariavelmente somos. 

E isso se dá através da maternidade, do amor e do sexo. Se não for possível ter tudo (ou não se quiser), ao menos alguma dessas práticas é preciso exercer na vida íntima, caso contrário, viraremos uns tratores. Muito competentes, mas com a identidade incompleta. 

Nossa virilização é interessante em muitos pontos, mas se tornará brutal se chegarmos ao exagero de declarar guerra aos nossos instintos. 

Ok, ser mãe não é obrigatório, ter um grande amor é sorte, e muitas fazem sexo apenas para disfarçar o desespero da solidão, mas seja qual for o contexto em que nos encontramos, é importante seguir buscando algo que nos conecte com o que nos restou de terno, aquela doçura que cada mulher sabe que ainda traz em si e que deve preservar, porque não se trata de uma fragilidade paralisante, e sim de uma característica intrínseca ao gênero, a parte de nós que se reconhece vulnerável e que não precisa se envergonhar disso. Se é igualdade que a gente quer, extra, extra: homens também são vulneráveis. 

“Cuida bem de mim”, dizia o refrão de uma antiga música do Dalto, e que Nando Reis regravou recentemente. Cafona? Ora, se a gente não se desfizer da nossa prepotência e não se permitir um tantinho de insegurança e delicadeza, a construção desta “nova mulher” terá se desviado para uma caricatura. A intenção não era a gente se transformar no estereótipo de um homem, era? 

Cuide-se bem, e permita que os outros lhe cuidem também. Viva o dia internacional dessa porção mulher que anda resguardada demais, mas que não deveria ficar assim tão escondida: não nos desmerece em nada.

Martha Medeiros - Jornal zero hora

11 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto, gosto do jeito simples que a Martha Medeiros diz as coisas. Gosto muito de ser feminina e deixo uma frase de Clarice que adoro:

A vida é igual em toda a parte e o que é necessário é a gente ser a gente"

Beijao

Élys disse...

Um belo texto da Marta. Mas a mulher nunca deve desprezar a sua feminilidade.
Beijos.

Ivani disse...

Lindo o texto minha amiga!
Ótima semana pra você!
Bjs

O meu pensamento viaja disse...

Extraordinariamente bem observado, bem analisado e bem escrito.
Quero tanto, do alto da minha inexpugnável autosuficiência que "cuidem bem de mim"!
Obrigada, Leninha, por este encontro entre mulheres.
Beijos, querida

none disse...

E isso...conquistar sem perder a femilidade...pra mim não tem nada de glorioso em querer concorrer com os homens,nada de engraçado em ser a melhor...em nenhum campo.Acho que motivo de orgulho para uma mulher e saber unir os dois,o agradavel e o util.Eu fui empresaria durante anos,vendi minha Agência de viagens ja solida para acompanhar meu marido que foi transferido no trabalho.Foi dificil...não...ESTA SENDO DIFICIL,esta e a segunda cidade em que tenho que me acostumar e ajudar minha filha a faze-lo sem grandes traumas,mas nem me passou pela cabeça que eu teria que largar tudo...eu vim porque quis,porque sem meu casamento eu não seria completa.
Leninha,estava lendo o outro blog sobre a menina de cachinhos...rsrsrsrs,Terezinha Maria....minha filha chama-se Maria Thereza,promessa feita a minha Santa Terezinha do Menino Jesus,minha Santa milagrosa,que operou tantos milagres na minha vida que nem posso contar,nunca me faltou em nenhum momento,com suas Santas orações a Virgem Maria e a Jesus Cristo....fui a Lisieux conhecer o Carmelo,vi suas roupas,seus relicarios,sua vida....nunca mais vou ser a mesma,pois ela me deu este presente...me levou para conhecer sua vida de pertinho,fomos eu,maridinho,filhinha....
Quanto as minhas postagens e meu jeito de falar mesmo,não sou uma pessoa direta,que rasga o verbo,rasga corações com palavras....eu tento aveludar e rodear com o mais profundo e respeitoso amor os assuntos que adoecem as pessoas,ter filhos biologicos ou não e um deles,e meu ponto de vista...Deus se utiliza muitas vezes das pessoas e coisas ao seu redor para te mandar um milagre....e milagres não precisam de tanta explicação,nenhum cientista pode explicar o inexplicavel...a fé.
Beijinhos
Deusa
vasinhos coloridos

Anônimo disse...

Oi Leninha querida!
Belo texto...
Parabéns a todas as Mulheres pelo
dia Internacional da Mulher 8-3-2012

Abração e desculpe ausência,
estou na correria com consultas
rotina e ARTESANATOS
Beijos no core Lindona

ONG ALERTA disse...

Mártir sabe usar as palavras...lindo.
Beijo Lisette.

Ivana disse...

Leninha, faz um tempinho que não venho aqui, diminui o ritmo das visitas, mas te visitar é sempre muito bom, você me faz um bem enorme. Parabéns pela escolha do texto, uma bela homenagem para nós todas. Um forte abraço!

Anne Lieri disse...

Leninha,que beleza de texto da Martha!Ainda é muito bom quando cuidam da gente de vez em quando...rss...bjs,

Anne Lieri disse...

Voltei...rss...qual é mesmo o blog da Ana Paula?Queria fazer uma visitinha!bjs,

Nice Bacchini disse...

Gosto muito de M. Medeiros, e esse texto é muito bom.... beijos