SEJAM BEM VINDOS!!!


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

elisa lucinda

Quando me perguntam depois de "Ó que lindos olhos"... Esses olhos são seus?" Me sinto como se perguntassem se o sol é rei mesmo ou uma espécie de lâmpada de mil Me sinto constrangida como se tivesse sido possível a alguém alguma vez confundir lata de goiabada com fruta de pé. me sinto velha virada há milênios Aniversariada por várias civilizações e nada esqueci. Me sinto madura madeira escaldada pra lá destas idades do agora. Sou dos longínquos tempos de goiabeiras mangueiras, formigas cabeçudas tanajuras de umidade, baratas cascudas e canaviais nos quintais Sou ainda mais na magia do que havia nesses anais, sou do tempo em que era bom nascer com olhos de esmeralda e a artista a ser cumprimentada era a mãe-natureza pela proeza de olhos ser olhos e lente ser lente. Sou do tempo em que eu era toda realeza e com certeza não se compravam olhos em shoppings, meus deus. Sou do tempo em que meus olhos Só podiam ser meus. Início desta página 25/05/2006

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ser mineiro

Ser mineiro é dizer "uai" ,
é ser diferente , é ter marca
registrada , é ter história.

Ser mineiro é ter
simplicidade e pureza ,
humildade e modéstia ,
coragem e bravura ,
fidalguia e elegância.

Ser mineiro é ver o nascer
do sol e o brilhar da lua ,
é ouvir o cantar dos pássaros
e o mugir do gado , é sentir
o despertar do tempo e o
amanhecer da vida...."

Seio de Minas

Patria Minas

lumiar

o sal da terra

paisagem da janela

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

São Tiago

Café com biscoito

São Tiago, fundada em 1750 e localizada a 40 km de São João Del Rei, com cerca de 11 mil habitantes, é conhecida como a cidade do biscoito. Ao caminhar por suas ruas tranqüilas, pode-se encontrar inúmeras lojas que vendem as mais diversas variedades de biscoitos, além do tradicional feito com polvilho. Os vendedores incentivam a degustação de seus produtos, que se encontram dentro de potes ao lado de uma garrafa térmica com café.
Anos e anos atrás, quando comboios, manadas de gado, caravanas e tropas vindas do Rio de Janeiro transitavam por São Tiago rumo ao Triângulo Mineiro e Goiás, as sinhás moças e as escravas eram as responsáveis pelo feitio das quitandas nas fazendas. Quando o viajante parava na cidade para esticar as pernas, sempre lhe era oferecido o “café com biscoito”. Com o tempo, apesar da diminuição do tráfego, as receitas de biscoitos continuaram sendo passadas de geração em geração e ganharam outros Estados.
Hoje os biscoitos de São Tiago são achados em mercados no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e interior de Minas Gerais. O município, que conta com mais de 50 produtores, alguns instalados em garagens no fundo de casa e outros em grandes fábricas, produz mensalmente 240 toneladas de biscoitos, gerando mais de 1.000 empregos diretos – 10% da população local – e 200 indiretos.
A origem da palavra biscoito significa assado duas vezes. Surgiu da necessidade de se conservar o pão por mais tempo. Já a expressão “café com biscoito” deve ter surgido em São Tiago, tamanho o apreço de seus moradores por esta combinação. O café com biscoito é servido em todos os cantos da cidade, nas mais diversas ocasiões, de casamentos a batizados, de aniversários a velórios.

A Assabiscoito

No coreto da praça central em São Tiago, funciona a Assabiscoito, uma associação dos produtores de biscoito da cidade. Além de auxiliar a venda e compra da produção local por outras comunidades, a associação organiza anualmente, no mês de setembro, a “Parada Café com Biscoito”, uma festa de rua que inclui degustação de biscoitos, shows e uma parada que ilustra a história da cidade.
  • Assabiscoito: Coreto da praça central – (32) 3376-1636

B.H.

Saborosa votação

O evento mais esperado de Belo Horizonte pelos amantes da gastronomia é o Comida di Buteco. Durante 31 dias, geralmente em meados de abril e maio, a população roda a cidade e, de botequim em botequim, avalia tira-gostos criados especialmente para o festival.
O Comida di Buteco nasceu durante a festa de fim de ano da extinta Rádio Gerais. Eduardo Maya, realizador do programa Momento Gourmet, propôs à diretora comercial da rádio, Maria Eulália Araújo, que realizassem um concurso de botecos a fim de divulgar a culinária de raiz.No ano 2000, quando 10 botecos disputaram o título de melhor tira-gosto de Beagá. Na edição de 2007, o festival agregou 41 estabelecimentos que disputaram a preferência do público. Botequeiros de toda a cidade circularam pelos estabelecimentos participantes, pedindo o tira-gosto concorrente, e votando com notas de 0 a 10, nas categorias de melhor tira-gosto, atendimento, higiene e temperatura da cerveja.
Uma opção alternativa para conhecer de uma só vez os vários botecos participantes é participar de caravanas que acontecem aos sábados. O dentista Leonardo Lanza é o responsável pela Caravana do Negão, que existe há três anos e possui cerca de 30 entusiastas. Quem se inscreve na caravana tem assento assegurado em um ônibus que circulará por 12 botecos. No preço da inscrição estão incluídos todos os tira-gostos a serem provados, além de uma camiseta. Um dos momentos mais esperados do Comida di Buteco é a festa de encerramento, batizada de Saideira. Durante quatro dias de festa, o público pode provar todos os tira-gostos concorrentes num único lugar. Há ainda atrações culturais e shows de música ao vivo. Além disso, é durante a Saideira que é anunciado o nome do boteco vencedor.

Os grandes vencedores das oito edições do Comida di Buteco

Todos os tira-gostos que concorreram ao Comida di Buteco pertencem ao cardápio fixo dos estabelecimentos, podendo ser provados em qualquer época do ano.
2000 – Bar do Careca
Um dos raros botecos que participou de todas as edições do Comida di Buteco. Localizado no bairro da Cachoeirinha, o Bar do Careca, inaugurado em 1985, ganhou a primeira edição do festival com o tira-gosto “Língua no Molho”.
2001 – Antonius Bar e Petisqueira
Inaugurado em 1993, o Antonius Bar e Petisqueira está localizado na Savassi, nas proximidades do “tobogã” da Avenida Contorno. Especializado em petiscos alemães, o boteco foi premiado com o primeiro lugar com a “alada Alemã” que consiste em salada de batatas com salsichões.
2002 – Mercearia do Lili
A antiga mercearia de bairro é atualmente um dos botecos mais disputados da capital mineira. Situado no bairro Santo Antônio, a Mercearia do Lili tem como peculiaridade um ritual: Dias, o proprietário, tem o costume de colocar o primeiro pedaço do tira-gosto na boca do cliente. Em 2002, o boteco venceu o festival com o “Costela de Boi Sem Osso”.
2003 – Bar do Careca – O Pescador
Situado na zona norte de Belo Horizonte, no bairro Floramar, o Bar do Careca – O Pescador é, como bem diz o nome, de propriedade de um pescador careca. Amarildo é especialista em tirar espinhas de peixe. Pensando nisso, ao participar de seu primeiro Comida di Buteco, em 2003, concorreu com o “Traíra sem Espinha”, ganhando o festival.
2004 – Bar do Zezé
Assim como a Mercearia do Lili, o Bar do Zezé funcionou durante muitos anos como mercearia. Porém, com a chegada das grandes redes de supermercado ao bairro, Zezé redirecionou seu negócio para a venda de cerveja e petiscos. A mudança deu tão certa que hoje o Bar do Zezé é um dos mais queridos botecos do bairro do Barreiro de Baixo. Em 2004, o estabelecimento venceu o Comida di Buteco com o tira-gosto “Carne com Jiló e Angu”.
005 – Casa Cheia
Situado dentro do Mercado Central de Belo Horizonte, um dos principais pontos turísticos da cidade, o Casa Cheia foi fundado em no final da década de 70. Em seu cardápio há inúmeros tira-gostos feitos com ingredientes da culinária mineira. Em 2005, o boteco venceu o festival com o “Mineirinho Valente”, que consiste em canjiquinha com queijo, lombo defumado, costela desossada, lingüiça caseira, e folhas de espinafre.
2006 – Bar do Zezé
Único bicampeão do Comida di Buteco, o Bar do Zezé venceu a edição de 2006 com o tira-gosto “Trupico Mineiro”, criado a partir dos ingredientes favoritos do Zezé: feijão, pé de porco, costelinha, lingüiça defumada, mostarda refogada, farinha torrada e torresmo.
2007 – Bar do Véio
O nome do bar é uma homenagem a Seu Célio, pai dos quatro irmãos que administram o negócio, cujo apelido é Veio. O boteco, localizado no Caiçara, foi inaugurado em 1986. Na época, contava com 13 mesas. Hoje são 50. Na edição de 2007, o Bar do Veio ganhou o Comida di Buteco com o tira-gosto “Come Quieto”, feito com cabeça de lombo, creme de legumes, molho de abacaxi com hortelã, e batatas.

Comida di Buteco
Para maiores informações, checar o site:
www.comidadibuteco.com.br

Onde Comer

Bar do Careca
Rua Simão Tamm, 395 - Cachoeirinha (31) 3421-3655
Antonius Bar e Petisqueira
Rua A

Tiradentes

“A pressa é inimiga da refeição”

Numa placa pregada em seu restaurante, está escrito seu lema: “a pressa é inimiga da refeição”. Elizabeth Beltrão, a Beth, é a proprietária do restaurante Viradas do Largo, um dos melhores do país com especialização em comida mineira.
Beth, cabelos curtos, encaracolados como os de anjinhos barrocos, nasceu em Passos, Minas Gerais. Após deixar seu emprego de analista de sistema na Açominas, mudou radicalmente o rumo de sua vida. Sem perceber o quanto talentosa era na cozinha, abriu um restaurante em Tiradentes sem ter a menor noção de como funcionava um estabelecimento gastronômico.
“A casa tinha poucas mesas e nem sequer possuía cardápio. O cliente me perguntava o que eu tinha para servir e eu perguntava de volta o que ele queria comer. Se pedisse um prato que não sabia fazer, consultava um livro”, conta com olhos atentos, revelados atrás dos óculos de aro colorido. E assim, bem devagarinho, no estilo mineiro de ser, Beth foi aprendendo a cozinhar.
Mas um dia entendeu que não poderia mais continuar sem cardápio. Visitou alguns restaurantes para saber o que serviam e elaborou seu menu: frango com ora-pró-nobis, frango com quiabo, e frango ao molho pardo. Logo percebeu que muitos clientes pediam tutu e tropeiro e decidiu incluí-los. Agora que seu cardápio estava pronto, bastava aperfeiçoar cada receita. Foi o que fez. Em breve, seria congratulada como estrelas no Guia 4 Rodas.

Dificuldades

Entretanto, quando abriu seu restaurante, nem tudo era tão fácil assim. “Quando cheguei à cidade, não havia mão-de-obra, apesar do alto índice de desemprego no país. Fui pesquisando e percebi uma acomodação natural entre os moradores da cidade, por não precisarem de quase nada. Possuíam casa própria e não precisavam gastar com ônibus. Se fossem ao vizinho, conseguiam um prato de comida; o amigo oferecia a cachaça. Não havia necessidade de assalariados”. Depois de muita procura, Beth finalmente conseguiu empregar ajudantes de cozinha. Na relação com o pessoal, ela foi aos poucos se deparando com outra dificuldade: a questão do auto-estima.
“Ao empregar alguém, percebia que havia um certo medo quanto à minha pessoa. O funcionário achava que eu, a Beth famosa, dona de restaurante, não ia conseguir ficar do seu lado e criava uma distância imaginária entre nós. Talvez fosse a mesma sensação que teríamos diante do presidente da República:- “Ôpa, esse cara é famoso; ele não deve estar nem aí para quem eu sou”. Com muita paciência e um pouco de psicologia, ela foi aprendendo a lidar com o problema. Trabalhando lado a lado, na beira do fogão, e compartilhando o gosto pela cozinha, Beth conseguiu criar um clima de confiança e deixar de ser um bicho papão. “Hoje estou muito satisfeita com minha equipe. Todos estão comigo há muito tempo e nos conhecemos um ao outro como a palma de nossas mãos”.

A comida de Minas

A comida mineira é uma mistura da antiga comida de fazenda com a comida de tropeiros. Enquanto a primeira era baseada em ensopados, em caldos acompanhados de angu e couve; a segunda era feita com produtos secos, duráveis, transportados em lombo de burro, como feijão tropeiro, carnes secas e doces em barras.
A comida mineira servida no restaurante Viradas do Largo valoriza o sabor, o aroma, o cozinhar em fogo baixo, com calor proveniente da lenha que aquece as panelas de pedra. A comida é simples e honesta, feita com ingredientes colhidos na horta que fica no fundo do quintal. Basta olhar pela janela e o cliente enxerga ora pró-nobis, couve, agrião, azedinha, manga, salsinha, cebolinha, banana, amora, lima, pitanga, limão.
No restaurante de Beth, num típico final de semana, é comum ver as pessoas se aconchegarem em torno de uma mesa repleta de gente: o patriarca na cabeceira e as crianças brigando para ficar ao lado da mãe. O pedido do prato só acontece depois de muita conciliação entre todos. Afinal, cada um querer pedir uma coisa, mas a comida mineira é farta farta, generosa, que consegue satisfazer toda a família. A comida sempre chega fervilhando à mesa. Só assim causa consegue causar um “calorzim” em quem a degusta. É preciso soprar a comida antes de ser levada à boca, fazer biquinho, tentar esfriar o caldo, o angu, o tutu. A concha, essencial na comida mineira, é usada uma, duas, três vezes pela família. Por causa do seu gosto insuperável, sempre haverá o repeteco. Depois de expirações de satisfação, chegam os doces, o café com rapadura, os licores.
Para Beth, a comida mineira é gostosa porque se baseia na harmonia entre os que a fazem e os que a comem. Por isso, ela faz tanta questão de circular pelo salão. De avental amarrado na cintura, é atenciosa com todos, seja tirando os pedidos ou ajudando a servir seus deliciosos frangos ensopados, porções de mandioca e lingüiça, caldos de feijão, tropeiros com lombo, tutu com costelinhas, couve, caipirinhas,...

Cadernos de Receitas

Em Minas, ainda existem algumas mães que preservam o costume de passar as receitas para as filhas, copiadas em cadernos de capa dura. No futuro, já acrescido de receitas xerocadas ou recortadas de revistas, o caderno será repassado para a próxima geração. Ou então poderá ser copiado por uma prima ou sobrinha. Muito pode ser dito de uma mulher através de seu livro de receitas. As escolhas, as manchas de manteiga nas páginas, os resquícios de farinha de trigo, o cheiro do papel, tudo irá falar um pouco sobre aquela pessoa e seu amor pela cozinha.

Onde Comer

Restaurante da Beth
Rua do Moinho, 11 (32) 3355-1111

Drummond

As montanhas escondem o que é Minas
Ninguém sabe Minas
Só os mineiros sabem
E não dizem nem a si mesmos o
Irrevelável segredo chamado Minas.

minas

Cadernos de Receitas

Em Minas, ainda existem algumas mães que preservam o costume de passar as receitas para as filhas, copiadas em cadernos de capa dura. No futuro, já acrescido de receitas xerocadas ou recortadas de revistas, o caderno será repassado para a próxima geração. Ou então poderá ser copiado por uma prima ou sobrinha. Muito pode ser dito de uma mulher através de seu livro de receitas. As escolhas, as manchas de manteiga nas páginas, os resquícios de farinha de trigo, o cheiro do papel, tudo irá falar um pouco sobre aquela pessoa e seu amor pela cozinha.

domingo, 5 de dezembro de 2010

mercado central

Quem deseja conhecer a Minas que só os mineiros sabem, deve ir ao Mercado Central de Belo Horizonte. O local é ponto de encontro deste povo que, conforme os versos de Fernando Sabino, “Não dá ponto sem nó. Não conversa, confabula. Não combina, conspira”. Em um passeio por seus corredores labirínticos, é possível vivenciar algumas das tradições mineiras: escolher um queijo curado pelo som emitido, beliscar uma porção de fígado acebolado com jiló, saborear um pedaço de abacaxi no espeto, conhecer o ora-pro-nóbis e a taioba, e escutar palavras ditas com diminutivos e frases acrescidas de “uai”, “sô” e “trem”.

mercado central

As

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Chão de Estrelas - Maria Bethânia

Borboletas - Mário Quintana

mario quintana


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Mestres: Grandes Poetas | Citações | Poemas de Amigos | Poesia Temática

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Mario Quintana

Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

Mario Quintana
PROJETO DE PREFÁCIO
Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.
Mario Quintana
DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana - Espelho Mágico

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível
DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana
- Espelho Mágico
POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana
O SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mario Quintana - A Cor do Invisível
SINÔNIMOS
Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.
Mario Quintana (Caderno H)
CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
Mario Quintana
POEMA
Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...
Mario Quintana (Caderno H)
RECORDO AINDA

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...

Mario Quintana
O TRÁGICO DILEMA
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.
Mario Quintana (Caderno H)
BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.

Mario Quintana
OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana - Esconderijos do Tempo
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Mario Quintana ( In: Esconderijo do tempo)
O amor é quando a gente mora um no outro.
Mario Quintana
SIMULTANEIDADE
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo (Poesia Completa, p. 535)
ESPELHO
Por acaso, surpreendo-me no espelho:
Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...)
Parece meu velho pai - que já morreu! (...)
Nosso olhar duro interroga:
"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!
Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra,
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste...
Mario Quintana
Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
A RUA DOS CATAVENTOS
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Mario Quintana
CLAREIRAS
Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período ou de uma simples frase, não o julgue profundo demais, não fique complexado: o inferior é ele.
A atual crise de expressão, que tanto vem alarmando a velha-guarda que morre mas não se entrega, não deve ser propriamente de expressão, mas de pensamento. Como é que pode escrever certo quem não sabe ao certo o que procura dizer?
Em meio à intrincada selva selvaggia de nossa literatura encontram-se às vezes, no entanto, repousantes clareiras. E clareira pertence à mesma família etimológica de clareza... Que o leitor me desculpe umas considerações tão óbvias. É que eu desejava agradecer, o quanto antes, o alerta repouso que me proporcionaram três livros que li na última semana: Rio 1900 de Brito Broca, Fronteira, de Moysés Vellinho e Alguns Estudos, de Carlos Dante de Moraes.
Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando.
E, como também estive a folhear o velho Pascall, na edição Globo, encontrei providencialmente em meu apoio estas palavras, à pág. 23 dos Pensamentos:
"Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados, como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem".
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
PEQUENO ESCLARECIMENTO
Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
POEMA DA GARE DE ASTAPOVO
O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ...e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Gloria,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E entao a Morte,
Ao vê-lo tao sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se ate não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!
Mario Quintana
I
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
Mario Quintana - A Rua dos Cataventos
DO ESTILO
O estilo é uma dificuldade de expressão.
Mario Quintana (Caderno H)
OBSESSÃO DO MAR OCEANO
Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.
Mario Quintana - O Aprendiz de Feiticeiro
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Mario Quintana - Espelho Mágico
DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
Mario Quintana - Espelho Mágico
DA DISCRIÇÃO
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...
Mario Quintana - Espelho Mágico
A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
Mario Quintana - A verdadeira cor do invisível